Levada da Víbora: trilho encantado pelos moinhos de D. Dinis

O trilho da Levada da Víbora, em Cabeceiras de Basto, merece uma visita. São 11 quilómetros pelo meio da natureza minhota.

Cabeceiras de Basto é um dos mais antigos e históricos concelhos do Minho, espaço de rara beleza natural que, aos poucos, começa a ser mais divulgado. Como é o caso da Levada da Víbora, uma nova experiência turística, no caminho que serve o lugar de Abadim. É uma oportunidade única para grupos e famílias serem guiados pelos silêncios que se ouvem e pela abundância de água.

Trata-se de um caminho ancestral circular, com quase onze quilómetros, e que percorre os canais do regadio tradicional, os moinhos de água mandados construir pelo rei D. Dinis, zonas de lazer embrenhadas no bosque verde e um extraordinário miradouro natural.

Uma proposta única e que pode ser ainda o ponto de partida para uma visita mais aprofundada a um concelho cujas origens são bem anteriores à fundação da nacionalidade.

LEVADA DA VÍBORA: MERGULHAR NO VERDE MINHO

A Levada da Víbora começa o percurso circular ascendente na zona de Lazer da Barragem do Oural, na freguesia de Abadim, passa pelo núcleo de Moinhos de Rei, pela zona de Lazer da Víbora, em pleno espaço de Natureza, por entre um bosque de pinheiros bravos, carvalhos, castanheiros e madressilvas.

É na subida para a aldeia mais pequena de Cabeceiras de Basto que se alcança o miradouro natural de Porto D’Olho, no alto do Outeiro da Varela, com vistas desafogadas para a serra e para o serpenteado dos campos de cultivo. Ao longo de todo o percurso é possível observar a fauna e flora locais.

A caminhada de regresso à zona de lazer da Barragem do Oural poderá ainda guardar algumas surpresas como o avistamento de cavalos garranos, raposas, sardões ou aves de rapina. Quanto às víboras cornudas, que dão nome a esta experiência turística, os encontros são bem mais raros. As lendas deram-lhe a fama, mas é raro encontrar um exemplar.

CABECEIRAS DE BASTO: O QUE NÃO DEVE PERDER

Nesta experiência turística à Levada da Víbora junta-se uma mão cheia de outras propostas de visita obrigatória em Cabeceiras de Basto, com propostas de roteiro para um ou dois dias.

Mosteiro de São Miguel de Refojos

O primeiro documento relativo a esta joia do barroco português data de 1122. Pouco mais tarde, em 1131, D. Afonso Henriques concedeu carta de couto ao mosteiro. As obras do atual edifício tiveram início em 1755, sendo acordadas entre o arquiteto bracarense André Soares e o então abade, Frei Francisco de São José. Com a extinção das ordens religiosas, o Estado alienou o imóvel, classificado monumento desde 1933.

É o único dos 29 mosteiros da Ordem Beneditina existentes em Portugal que possui um zimbório. Este singular monumento arquitetónico eleva-se a 36 metros sobre o transepto. Obra notável de engenharia tem no exterior um varandim-balaustrada de granito, intersecionado por plintos que servem de base a 12 bustos de bispos e pontífices. A cúpula do lanternim serve de pedestal a uma grandiosa estátua do padroeiro, o Arcanjo S. Miguel. Quando o Mosteiro se candidatou a Património da Humanidade, em 2014, o zimbório tornou-se símbolo turístico de Cabeceiras de Basto.

Estátua do Basto

A estátua do “Basto”, na Praça da República, é um dos monumentos mais curiosos da Cabeceiras de Basto. Representa um guerreiro lusitano e é uma das várias estátuas jacentes que apareceram na Galiza e eram colocadas sobre as sepulturas de alguns desses guerreiros heróis e endeusados. As que existem estão guardadas em museus, à exceção do “Basto” e da estátua de Santa Comba, também na freguesia de Refojos, que se encontram ao ar livre. Estes monumentos datam da época anterior à vinda dos Romanos, presumivelmente do século I a. C.

Bucos

Encaixada na extremidade Noroeste do concelho de Cabeceiras de Basto, Bucos é uma freguesia serrana onde se respiram já os ares da Cabreira. Com um elevado património natural e etnográfico, Bucos é um repositório etnofolclórico. É também uma terra de jogadores do pau, que de forma hábil manuseiam este instrumento, outrora utilizada como arma de defesa. Do património edificado, destaca-se a igreja paroquial, o cruzeiro e o espigueiro de Carrazedo.