Camionista de Celorico de Basto preso há quase dois meses na Grécia

Um motorista de pesados de Celorico de Basto está desde 10 de janeiro preso na Grécia após terem sido detetados quatro imigrantes ilegais no camião que conduzia. Luís Marques, de 47 anos, alega estar inocente e que não sabia que os quatro indivíduos, três do Afeganistão e um do Irão, tinham entrado no veículo.

Luís Marques só no ano passado se tornou camionista internacional, por necessidade, devido à pandemia. A mulher, Lúcia Moura, explica que trabalham em rulotes de comida e, com as restrições impostas pela covid-19, com dois filhos menores, de 9 e 11 anos, já não estavam a conseguir fazer face às despesas.PUBLICIDADE

No dia 10 de janeiro foi apanhado pelas autoridades locais com quatro imigrantes ilegais no interior do camião , quando se preparava para entrar num ‘ferryboat’ com destino a Itália.

“Ligou a dizer que tinha sido detido, que lhe entraram quatro pessoas para o camião”, conta a esposa, em entrevista à SIC.

O Jornal de Notícias (JN) relata que o motorista decidiu aceitar a proposta do patrão de transportar uma carga de garrafas de gás para a Grécia e saiu de Portugal, a 3 de janeiro, em direção àquele país.

Chegaria no dia 6, depois de uma viagem de ‘ferry’ a partir de Itália. Entregou a encomenda ao cliente e, em Atenas, voltou a fazer nova carga do camião, desta vez de peúgas, por indicação da empresa.

Ao JN, Lúcia Moura refere que, dois dias antes de ser preso, o marido sentiu-se ameaçado: “Disse-me que, às três da manhã, ouviu um barulho, saiu do camião e viu um cabo do reboque rebentado e três pessoas a fugir. Nunca se apercebeu de que estavam indivíduos lá dentro, por causa da carga”.

Em entrevista à SIC, a mulher reitera que “não sabia que tinha” imigrantes no camião e que, nessa sexta-feira, avisou a empresa que lhe tinham “cortado o cabo de aço e que lhe tinham rebentado o reboque”.

Os imigrantes ilegais foram descobertos pelas autoridades no domingo de tarde, quando o camião estava na fila para o barco.

Terá sido detido por tráfico humano. Está preso preventivamente em Amfissa.  Segundo a esposa, as autoridades gregas valorizaram o depoimento dos imigrantes ilegais que dizem que pagaram para Luís Marque os transportar, mas que não há provas nenhumas.

A mulher critica ainda o facto de a justiça grega não arranjar um tradutor de português ou espanhol para ouvir o marido.

A embaixada de Portugal em Atenas tem estado em diálogo com a família e certificou-se de que “eram garantidas condições condignas de detenção”, disse ao JN o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Os serviços consulares afirmam estar “em contacto permanente” com os advogados de defesa do motorista.

No entanto, Lúcia Moura pede mais empenho das autoridades portuguesas. Segundo contou ao JN, recebeu uma chamada do presidente da República a manifestar solidariedade.

O minho