Candidato do PSD a Cabeceiras de Basto fala em “gestão de mercearia” do PS

Três perguntas a Manuel António Teixeira, candidato do PSD às eleições autárquicas  em Cabeceiras de Basto: os últimos mandatos do PS têm sido pautados pelo marasmo, pela estagnação, por uma gestão de mercearia, com vistas curtas

Na qualidade de candidato da coligação PSD/CDS à Câmara de Cabeceiras de Basto como valora a atividade do Município no atual mandato?

Manuel António Teixeira: Penso que não podemos, ou devemos, olhar para a atividade do Município apenas no atual mandato, pois iríamos constatar que nada foi feito, a não ser os avultados gastos em obras de estradas, praças e pracetas – privilegiando, quase exclusivamente, a sede da Vila e esquecendo uma dimensão mais Concelhia e aquelas pessoas mais desfavorecidas e mais afastadas dos centros de decisão. Esqueceu, ainda, as famílias e as empresas, quando elas mais precisaram, precisamente na pandemia que agora atravessamos. Esqueceu completamente os Jovens. Ou seja, esqueceu os pilares base do desenvolvimento, definidos pela União Europeia: coesão económica, social e territorial.

De uma forma retrospetiva, e olhando para os 27 anos em que o Partido Socialista é poder neste concelho, poderemos dizer que, nos primeiros anos, foi capaz de tirar algum partido dos Fundo Comunitários que foram canalizados para o nosso país (até à data, já ultrapassam os 140 mil milhões de euros, pelo que o nosso Município deverá ter já recebido mais de 200 milhões de euros, entre 1986 e 2020). Destas verbas, muitas foram aplicadas em construções de estradas, embora apenas nos primeiros mandatos tenha havido uma verdadeira preocupação com a coesão territorial, com a pavimentação das estradas e caminhos, entretanto abertas pelo anterior poder autárquico, até às freguesias e Lugares mais recônditos do nosso concelho. Depois disso, assistimos apenas à diminuição acentuada da população e ao fomento de um tecido empresarial baseado, de forma assumida e consciente, nas microempresas, o que levou a taxas de desemprego elevadas e à ausência de perspetivas de futuro para os nossos jovens mais qualificados (que os temos e, felizmente, cada vez em maior número, assim os saibamos cativar). Houve uma perda acentuada dos salários médios dos Cabeceirenses (em 1985, estavam 5% acima da média nacional; hoje, estão 34% abaixo dessa mesma média). Somos um Concelho que quase exporta o mesmo valor que importa. Temos uma dívida, per capita, 5% acima da dívida, per capita, do País.

 Uma fatia considerável da população não tem, ainda, abastecimento público de água e a taxa de serviço do saneamento básico serve apenas 36% dos Cabeceirenses e o seu tratamento é, por vezes, deficiente. O poder de compra dos nossos cidadãos está 36% abaixo da média nacional e tem havido uma contínua perda de alunos no nosso sistema de ensino. Estes 27 anos mais não têm feito do que encaminhar o Município para a desertificação e o empobrecimento.

O que pensa que poderia ser feito, de melhor, para o desenvolvimento concelhio e o bem-estar das populações, se o PSD dirigisse o Município?

MAT: Com o PSD a dirigir os destinos do Município, teríamos uma gestão autárquica completamente profissional, pensando sempre no futuro e antecipando-nos aos problemas e não reagindo apenas quando eles surgem. Não ficaríamos apenas pela construção de Zonas Industriais para microempresas. Apostaríamos numa verdadeira Zona Industrial, com a localização privilegiada que temos, próxima do acesso rodoviário, que nos liga ao Litoral e ao centro da Europa, de forma a captarmos médias e grandes empresas, com capital tecnológico, e que permitam dar empregabilidade à nossa população em geral, mas de forma especial aos jovens formados do ensino superior, logo que concluídos os seus cursos. Aumentaríamos as parcerias com o ensino privado/social, no sentido de implementar cursos técnico-profissionais em áreas imprescindíveis e que, ao mesmo tempo, garantem pleno emprego aos formandos assim que concluído o curso. A promoção do emprego, um dos pilares da nossa proposta, não contempla a troca de favores ou o pseudo-emprego para três ou seis meses. Pelo contrário, promoveremos o emprego estável, qualificado e que se consubstancie, verdadeiramente, em valor acrescentado, quer para os munícipes, individualmente, quer para o Município, enquanto tal. Defenderemos uma governação aberta e envolvente, que permita um diálogo constante com a população, na busca das melhores soluções e fazendo os projetos sempre com o seu conhecimento prévio e a sua participação. 

Estaremos mais próximos das freguesias, dando-lhes mais autonomia financeira e apoio constante na procura de novos projetos que passam obter financiamentos nacionais ou europeus. Incrementaremos o Turismo, não porque está na moda, mas porque acreditamos que Cabeceiras tem todas as condições – gentes, monumentos, natureza, história, tradições, cultura, gastronomia, … – para atrair cada vez mais Turistas, com programas mais longos, mais variados e de melhor qualidade.

Que propostas vai apresentar ao eleitorado? Pensa poder ganhar as eleições autárquicas?

Quando iniciei este processo de candidatura, sabia que seria muito difícil ganhar estas eleições. Na verdade, o PSD não concorreu às últimas eleições Autárquicas, tendo apoiado um Movimento Independente. Para além disso, estes 27 anos de poder socialista criaram uma teia de interesses e tentáculos que condicionam e dificultam o surgimento de uma alternativa forte e ganhadora. Felizmente, mesmo com a pandemia e o confinamento a que temos sido forçados, temos vindo a ter muitos apoios, alguns, até, dos Munícipes mais improváveis, o que nos dá a certeza de que vamos lutar pela vitória nas próximas eleições autárquicas. Naturalmente que partimos em desvantagem, pois a minha vida profissional sempre se desenrolou fora do Concelho (por diversos pontos de Portugal e por diversos países de vários continentes), o que não me permitiu manter o contacto desejável com os munícipes, principalmente aqueles das Freguesias mais afastadas da sede do Concelho. 

Essa é uma desvantagem que, assim que o desconfinamento ocorra, e no respeito absoluto de todas as regras sanitárias, iremos ultrapassar, percorrendo todos os lugares do Concelho e apresentando, “olhos nos olhos”, as nossas propostas. Tenho a certeza que as pessoas vão acolhê-las, pois a nossa mensagem é simples: falar verdade, apresentar propostas viáveis e ser ambicioso naquilo que pretendemos para o Concelho. As populações do Interior esperam tempos difíceis e desafiantes. A diferença será feita ao nível do empreendedorismo, do dinamismo, da visão e da ousadia. É isso que prometemos: lutar pelo bem-estar das populações, hoje e no futuro! Infelizmente, os últimos mandatos têm sido pautados pelo marasmo, pela estagnação, por uma gestão de mercearia, com vistas curtas. 

A minha atividade profissional, com os cargos que ocupei, com os diversos Países e culturas que conheci e apreendi, com os contactos – alguns deles, ao mais alto nível – que estabeleci, permite-me agora retribuir todo esse conhecimento e experiência aos Cabeceirenses contribuindo para um futuro melhor.

Quanto a propostas a apresentar ao eleitorado, posso dizer que, para além dos contributos dos membros da Comissão Política de Secção, criamos um grupo, denominado Conselho Consultivo, com elementos dos diversos setores da sociedade, e que ocupam cargos de destaque na sua atividade profissional, que tem contribuído para a elaboração de um Programa Eleitoral sério, exequível e inovador. Falta apenas fechar alguns candidatos à Presidência das Junta de Freguesias, para com eles incorporarmos medidas mais específicas para cada um desses núcleos populacionais. Neste momento, em termos globais, temos já mais de 300 propostas, que pretendemos ainda aprofundar, aproveitando também o Plano de Recuperação e Resiliência, cuja consulta pública foi concluída recentemente, e que, juntamente com os Quadros Financeiros Plurianuais, podem trazer ao Município investimentos significativos, assim eles sejam planeados e apresentados de forma sustentada e fundamentada por quem estiver no poder e tenha capacidade para tal. Como, até ao momento, o nosso Executivo nada apresentou sobre este assunto, confirmamos apenas a ideia de que continua a navegar ao sabor da corrente, acomodado à mediocridade e sem a força nem a coragem de Fazer Diferente. Com a nossa gestão, os fundos disponíveis serão aproveitados integralmente (a maioria deles, diga-se, a fundo perdido). Para além disso, atuaremos, num diálogo já iniciado com diversas Câmaras de Comércio, na captação de investimento estrangeiro. 

Em suma, vamos fazer melhor e vamos, sobretudo, FAZER DIFERENTE. O desígnio que nos norteia, na esteira do nosso Basto, é lutar pelo Futuro de TODOS os Cabeceirenses. Sempre!

ominho.pt