Ouvir o silêncio em Cabeceiras de Basto

O que terá atraído, no século XII, um conjunto de eremitas ao território que é hoje Cabeceiras de Basto? O abrigo dos montes? A abundância de água e a fartura da terra? A floresta da Cabreira? No concelho minhoto que arranha Trás-os-Montes, dos abades ficou o silêncio que deixa ouvir o resto.

Quinta-feira, meio-dia, a buzina do peixeiro faz parar tudo em Abadim, onde tudo, aliás, já estava parado. Subindo a encosta que dá à vista os lameiros onde pastam minhotas e barrosãs, há uvas e castanhas, a água corre pelo musgo da curva de cima para a de baixo. Na verdade, até há muito a acontecer.

Vejam-se as couves-galegas, já a meio das janelas do rés-do-chão. As abóboras todas colhidas, qual bicho disforme que, gordo ou narigudo, assenta nos lancis e telhados, onde possa pousar sem estorvar.

Fonte: Publico